Filipenses 4.10-23 A Arte do Contentamento

Filipenses 4:10-23

10 Ora, muito me regozijo no Senhor por terdes finalmente renovado o vosso cuidado para comigo; do qual na verdade andáveis lembrados, mas vos faltava oportunidade.

11 Não digo isto por causa de necessidade, porque já aprendi a contentar-me com as circunstâncias em que me encontre.

12 Sei passar falta, e sei também ter abundância; em toda maneira e em todas as coisas estou experimentado, tanto em ter fartura, como em passar fome; tanto em ter abundância, como em padecer necessidade.

13 Posso todas as coisas naquele que me fortalece.

 

GRANDE IDEIA: Quem em Cristo se fortalece, aprende a ser contente.

 

INTRODUÇÃO:

 

                Nosso cotidiano é marcado por situações diversas. Há dias que as coisas ficam difíceis, há dias que são melhores e mais fáceis. Nenhum de nós está livre de viver situações complicadas.

                Quando voltamos do Tocantins, eu não estava pastoreando nenhuma igreja. Havia deixado meu emprego como diretor de Seminário, estava sem salário, sem emprego e sem ministério. Fomos morar na casa dos meus sogros. Ficamos por lá alguns meses. Deus moveu o coração de uma igreja para que pagasse o aluguel de uma casa para mim. Passei cerca de um ano e meio nesta condição. Neste período, fui sustentado por doações de alimentos e de ofertas de alguns irmãos. Deus levantou pessoas para nos abençoar. Sou grato a Deus por aquele tempo. Antes eu ganhava cerca de 10 salários mínimos, tinha carro e morava no centro da cidade. Agora eu era sustentado por doações. Muita gente entraria em crise. Eu resolvi ser grato a Deus e ser feliz.

Esta história é para nos fazer lembrar que é possível ser feliz e contente em qualquer tempo. Precisamos definir se seremos um termômetro ou um termostato. Um termômetro não muda coisa alguma, apenas registra a temperatura. Está sempre subindo ou descendo, influenciado pelo que acontece ao seu redor. Mas um termostato regula a temperatura do ambiente em que se encontra e faz as alterações necessárias. O que você é? Termômetro ou termostato? O apóstolo Paulo era um termostato. Em vez de ter altos e baixos espirituais de acordo com a mudança das situações, ele prosseguia com determinação, fazendo seu trabalho e servindo a Cristo. Suas referências pessoais no final desta carta mostram que ele não era vítima das circunstâncias, mas sim vitorioso sobre as circunstâncias: “De tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência” (Fp 4:12); “Tudo posso” (Fp 4:13); “Recebi tudo e tenho abundância” (Fp 4:18). Paulo não precisava ser paparicado para estar contente; seu contentamento vinha dos recursos espirituais que Cristo lhe provia abundantemente. Cristo era tudo para ele.

Precisamos entender que contentamento não é o mesmo que complacência, como também não é falsa paz com base na ignorância. O cristão complacente não se preocupa com os outros, enquanto o cristão contente deseja compartilhar suas bênçãos. O contentamento não é uma fuga da batalha, mas sim paz e confiança permanentes em meio à batalha. “Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação” (Fp 4:11). Duas palavras desse versículo são de importância crítica: “aprendi” e “contente”.

Quando Paulo fala em “aprender”, esta palavra se refere a “aprender por experiência”. O contentamento espiritual de Paulo não foi alguma coisa que aconteceu automaticamente após sua conversão. Ele teve de passar por várias experiências difíceis, a fim de aprender a viver contente.

A palavra “contente”, na verdade, significa “contido, calmo”. É a descrição de um homem cujos recursos encontram-se dentro dele, de modo que não precisa depender de substitutos externos. Mas o cristão não é autossuficiente; sua suficiência encontra-se em Cristo. Uma vez que Cristo vive em nós, temos condições de suportar as exigências da vida.

Nesta passagem, Paulo nos apresenta duas maravilhosas verdades espirituais que nos dão suficiência e contentamento.

 

1. DEUS É SOBERANO E PROVIDENCIA TUDO SOBRE NOSSAS VIDAS (Fp 4:10)

10 Ora, muito me regozijo no Senhor por terdes finalmente renovado o vosso cuidado para comigo; do qual na verdade andáveis lembrados, mas vos faltava oportunidade.

Vivemos uma época em que a ciência tem feito grandes descobertas e feito grandes realizações. Por causa destas coisas, a gente quase não fala em providência de Deus.

Parece que o mundo funciona sem precisar de ninguém, nem mesmo de Deus. Acontece que as Escrituras registram, de modo claro, que Deus realiza suas obras providenciais na natureza e na vida de seu povo.

Mas o que significa providência mesmo? O termo “providência” vem e duas palavras do latim: pro, “antes” e video, “ver”. Assim, a providência de Deus significa, simplesmente, que Deus vê de antemão. Não quer dizer que Deus apenas sabe de antemão, pois envolve muito mais que mero conhecimento. É a obra que Deus realiza antecipadamente, ordenando as circunstâncias e situações de modo a cumprirem os propósitos divinos. É a revelação clara de que Deus está no controle.

Um exemplo bíblico que podemos pensar é a história conhecida de José e de seus irmãos. A história de José ilustra o significado da providência (Gn 37 – 50). A bíblia afirma que os irmãos de José o invejavam e, por isso, o venderam como escravo quando ele estava com apenas 17 anos de idade. José foi levado para o Egito, onde Deus revelou que, depois de sete anos de fartura, haveria sete anos de fome e de escassez. Pela interpretação que José deu ao sonho do Faraó, os egípcios tomaram conhecimento de tal fato, e, por causa disso, José foi elevado à posição de segundo no poder sobre todo o Egito. Depois de vinte anos de separação, José e seus irmãos se reconciliaram e entenderam o que o Senhor havia feito.

Em Gênesis 45.5, nós lemos as palavras de José e o seu entendimento da providência de Deus em sua vida e na dos outros: “Para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós” (Gn 45:5). “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem” (Gn 50:20).

Isso é a providência de Deus: Deus com sua poderosa e operosa mão governando e providenciando sobre as situações da vida.

A vida de Paulo é uma prova dessa providência. Na vida e ministério de Paulo, ele conheceu essa providência de Deus pela experiência. Em Romanos 8.28 ele escreveu: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”.

Deus, providenciando sobre a vida de Paulo, despertou o interesse da igreja de Filipos pelas necessidades deste apóstolo e esta demonstração de afeto, por parte da igreja, chegou no momento em que Paulo precisava mais de seu amor! É muito interessante notar que os irmãos filipenses se preocupavam com o apóstolo Paulo, mas, até então, não haviam tido oportunidade de ajudar. Irmãos, existem muitos cristãos de hoje têm a oportunidade, mas não tem o interesse de ajudar. Quanto nós precisamos aprender com Paulo nesta passagem.

Warren Wiesrbe afirmou que “A vida não é uma série de acidentes, mas sim uma sucessão de compromissos marcados”. Deus está no controle. Sua providência indica que ele está dirigindo e preparando tudo o acontece. Isto vai nos ajudando a sermos satisfeitos com a presença de Cristo em nossas vidas.

No Salmo 32.8 lemos assim: “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir”. Ou seja, Deus é nosso guia. Nele confiamos e nele encontramos sabedoria para cada momento da vida. A Bíblia registra que Abraão chamou Deus de “Jeová-Jiré” que significa “O Senhor Proverá” (Gn 22:14). A ideia não é a de um Deus que faz algo magicamente aparecer nos momentos difíceis, mas sim de um Deus que está nos dirigindo e nos guiando até mesmo para e pelos dias difíceis. Esta é a providência de Deus, uma fonte maravilhosa de contentamento.

2. DEUS É ONIPONTE E SEU PODER É INFALÍVEL. (Fp 4:11-13)

11 Não digo isto por causa de necessidade, porque já aprendi a contentar-me com as circunstâncias em que me encontre.

12 Sei passar falta, e sei também ter abundância; em toda maneira e em todas as coisas estou experimentado, tanto em ter fartura, como em passar fome; tanto em ter abundância, como em padecer necessidade.

13 Posso todas as coisas naquele que me fortalece.

No verso 11, Paulo deixa claro a seus amigos filipenses que ele não está se queixando por receber doações! Talvez você se sentisse humilhado e desvalorizado quando é sustentado com ofertas e doações dos outros. Mas isto não acontecia com Paulo. Ele não está reclamando de sua situação.

                Um grande ensinamento de Paulo nestes versos é que a sua felicidade não depende das circunstâncias nem das coisas; A alegria de Paulo vinha de algo mais profundo, separado de sua pobreza ou da sua prosperidade. Sua alegria estava em Cristo.

Irmãos, quase todos nós aprendemos a “estar humilhados”. Quando as dificuldades surgem, nós corremos imediatamente para o Senhor. No entanto, poucos de nós sabem “ser honrado”. Uma verdade bíblica aqui é que a prosperidade, em certa medida, causa mais estragos na vida dos cristãos do que a adversidade e escassez. Em Apocalipse 3.17, a advertência do Espírito contra o anjo da Igreja de Laodiceia eram suas palavras, pois dizia: “Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma”.

A expressão “tenho experiência”, em Filipenses 4:12, possui sentido diferente do verbo “aprender” em Filipenses 4:11. “Ter experiência” significa “iniciado no segredo”. O termo grego no original era usado pelas religiões pagãs com referência a seus “segredos mais íntimos”. Por meio das tribulações e provações, Paulo foi “iniciado” no segredo maravilhoso do contentamento a despeito da pobreza ou da prosperidade. “Tudo posso naquele [em Cristo] que me fortalece” (Fp 4:13). Era o poder de Cristo dentro dele que lhe dava contentamento espiritual.

Irmãos, vale lembrar que a natureza toda depende de recursos ocultos. Árvores de grande porte lançam raízes profundas no solo para retirar dele a água e os minerais. A parte mais importante de uma árvore é a que não podemos ver: seu sistema de raízes; e a parte mais importante da vida do cristão é a que só Deus pode ver. A menos que lancemos mão dos recursos profundos de Deus pela fé, não seremos capazes de suportar as pressões da vida. Paulo dependia do poder de Cristo operando em sua vida (ver Fp 1:6, 21; 2:12, 13; 3:10). “Tudo posso – em Cristo!” Esse era o lema de Paulo e também pode e deve ser o nosso.

A tradução de J. B. Phillips de Filipenses 4:13 diz: “Estou pronto para qualquer coisa por meio da força Daquele que vive dentro de mim”. E a Bíblia Viva assim traduz esse versículo: “porque eu posso fazer todas as coisas que Deus me pede com a ajuda de Cristo, que me dá a força e o poder”. Qualquer que seja a tradução de nossa preferência, todas dizem a mesma coisa: o cristão tem dentro de si todo o poder de que precisa para lidar com as exigências da vida. Só temos de liberar esse poder pela fé.

CONCLUSÃO:

                Quem em Cristo se fortalece aprende a ser contente.

                Contentamento é uma arte para ser aprendida ao longo das experiências da vida. Precisamos ser contentes, sabendo que o nosso Deus é soberano e que ele providência sobre nós tudo que é necessário, e que este Deus soberano também é todo-poderoso e o seu poder é infalível, capaz de nos sustentar e nos fortalecer para estamos prontos a suportar todas as exigências da vida.

                O desafio é receber tudo isto, por meio da sua fé na pessoa de Jesus.

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