ATOS 9.19-25 – LIÇÕES SOBRE DISCIPULADO

Atos 9.19b-25 

19 e, depois de comer, recuperou as forças. Saulo passou vários dias com os discípulos em Damasco. 

20 Logo começou a pregar nas sinagogas que Jesus é o Filho de Deus. 

21 Todos os que o ouviam ficavam perplexos e perguntavam: “Não é ele o homem que procurava destruir em Jerusalém aqueles que invocam este nome? E não veio para cá justamente para levá-los presos aos chefes dos sacerdotes? ” 

22 Todavia, Saulo se fortalecia cada vez mais e confundia os judeus que viviam em Damasco, demonstrando que Jesus é o Cristo. 

23 Decorridos muitos dias, os judeus decidiram de comum acordo matá-lo, 

24 mas Saulo ficou sabendo do plano deles. Dia e noite eles vigiavam as portas da cidade a fim de matá-lo. 

25 Mas os seus discípulos o levaram de noite e o fizeram descer num cesto, através de uma abertura na muralha. 

Grande Ideia: O discipulado envolve comunhão, pregação do Evangelho, edificação e cuidado mútuo. 

Introdução: 

Quando um bebê nasce é uma grande festa na família. Todos se alegram e compartilham a notícia. Mas agora esse bebê precisa de cuidados e seus pais e familiares mais próximos serão os primeiros a dar à criança o ambiente propício para seu desenvolvimento. Na vida cristã, não é muito diferente. Quando uma pessoa se converte a Jesus há grande festa na família da igreja local. Todos os nossos irmãos em Cristo se alegram com aquela conversão. Aliás a Bíblia afirma que há festa no céu, quando um pecador se arrepende! No entanto, após a conversão de alguém, é necessário ajudá-lo em seu desenvolvimento como cristão. Há muito para ser aprendido e esse novo crente precisará de ajuda e acompanhamento. 

Isso aconteceu com o apóstolo Paulo. Para gente contextualizar a passagem de hoje, vamos voltar ao final do 7 e início do 8. Saulo, o nome judaico daquele que costumamos chamar de Paulo, seu nome romano, também conhecido apóstolo Paulo. Saulo havia concordado com a execução de Estevão pelos judeus no Sinédrio. E, após este fato, ele liderou um grupo de perseguidores da igreja, com mandados para prender todos aqueles que cultuassem a Jesus (invocassem o Nome), o que gerou um movimento migratório dos cristãos para outras regiões de Israel, para Samaria e até outros países. 

Paulo decidiu ir a Damasco, a capital da Síria, que distava cerca de 300 km de Jerusalém. Na sua ida para Damasco, Saulo tem um encontro com Jesus, que lhe apareceu em meio à forte clarão, apesar de ser perto do meio-dia. Saulo ficou cego e foi levado para a cidade de destino. Em Damasco, ainda cego, o Senhor Jesus lhe enviou Ananias para lhe restaurar a visão. Após ter a visão restaurada e sua conversão confirmado. Os fatos que se seguem nos trazem algumas importantes lições sobre o discipulado cristão. 

  1. COMUNHÃO – A CONDIÇÃO BÁSICA PARA UM DISCÍPULO. 

19 e, depois de comer, recuperou as forças. Saulo passou vários dias com os discípulos em Damasco. 

Paulo não ficou à mercê de seu próprio esforço no início da sua caminhada com Jesus. Aparentemente ele foi acolhido pelos discípulos de Jesus que moravam em Damasco. Aqueles irmãos em Cristo lhe foram gentis. Possivelmente, Paulo tenha se hospedado na casa daqueles irmãos, pois os judeus tinham a prática de hospedar estranhos, e agora Saulo era um novo convertido que precisava de acompanhamento. 

Em Damasco, Saulo teve acolhimento, hospedagem, amizade. Com certeza, por amor a Cristo, aqueles irmãos amaram a Paulo e lhe ajudaram na sua caminhada cristã. 

Se um estranho se converte, ele precisa de encontrar boa recepção na igreja. É preciso que homens acompanhem homens e mulheres acompanhem outras mulheres, ajudando aos novos convertidos a ficarem firmes na fé. 

O discípulo na igreja primitiva é feito pessoalmente. Não é matricular alguém numa classe no templo, mas é estar próximo do novo crente no cotidiano dela. Ensinando os princípios e valores do reino enquanto convive com ela cada dia. 

Muitos novos crentes se afastam das igrejas que não o recepcionam bem e não os acompanha durante sua jornada cristã. Por outro lado, quando a igreja assume sua missão de acompanhar o novo crente, amá-lo, ajuda-lo, convive com ele, a tendência e ter crentes mais animados e saudáveis. 

  1. EDIFICAÇÃO E PREGAÇÃO – A RESPOSTA QUE TODO DISCÍPULO DEVE DAR  

20 Logo começou a pregar nas sinagogas que Jesus é o Filho de Deus. 

21 Todos os que o ouviam ficavam perplexos e perguntavam: “Não é ele o homem que procurava destruir em Jerusalém aqueles que invocam este nome? E não veio para cá justamente para levá-los presos aos chefes dos sacerdotes? “ 

22 Todavia, Saulo se fortalecia cada vez mais e confundia os judeus que viviam em Damasco, demonstrando que Jesus é o Cristo. 

Por que estudamos a Bíblia? Há, pelo menos duas respostas aqui: 1. Para nossa edificação pessoal, para termos mais conhecimento de quem Deus é, de quem nós somos. E em segundo lugar, para, à partir desse conhecimento, compartilhar o que sabemos sobre Cristo com outras pessoas. 

Após passar muitos dias com os discípulos de Jesus, Saulo já se sente à vontade e com coragem de pregar nas sinagogas sobre Jesus. As sinagogas eram locais onde se cantava, orava e se ensinava a Palavra de Deus, um formato muito parecido com nossas igrejas na atualidade. Paulo, que era um rabino judeu, apesar de ainda jovem, ao compreender as verdades de Cristo junto aos discípulos na igreja, agora vai à sinagoga e prega sobre Jesus, afirmando que este era o Filho de Deus, o prometido, o messias, o cristo, o salvador.  O que Paulo sabia do judaísmo fora aproveitado. Sua conversão e convivência com os discípulos de Jesus lhe deram bagagem espiritual e conhecimento para pregar o Evangelho.  

A pregação do Evangelho é a missão da igreja. Espera-se que todo convertido a Cristo fale da sua experiência de salvação com o Senhor, o que chamamos de testemunho pessoal. Geralmente, se responde três perguntas nesta hora: minha antes de Cristo, meu encontro com Jesus e minha vida após Jesus. Além do testemunho pessoal, espera-se que todo convertido conheça mais de Jesus, se aperfeiçoe neste conhecimento e comece a repassar a outros tudo o que aprende. Este é o processo do discipulado, em que eu creio em Cristo, sou acompanhado pela igreja e por irmãos mais próximos que me ajudarão a conhecer e aplicar os conhecimentos bíblicos às várias situações da vida, sempre buscando atender o propósito da existência humana e da igreja: glorificar a Deus, edificar a igreja e salvar o perdido. Pelo tempo que você está nesta igreja, você tem respondido à expectativa bíblica de ser um pregador do Evangelho? 

O verso 21 revela como as pessoas viam a transformação que Cristo havia causado em Paulo. Aquele que antes perseguia a Igreja por causa da pregação sobre Cristo, agora é um deles, e é também pregador de Cristo. Que transformação! Que testemunho! Observe que falar de Jesus é a melhor resposta do cristão sobre sua fé! É uma forte prova da sua transformação interior! 

Paulo se fortalecia, diz o verso 22. Era edificado no conhecimento de Cristo. Deixe-me dizer algo aqui. Paulo era um fariseu, um homem conhecedor das Escrituras, um homem religioso. No entanto, ele precisou conhecer a Cristo. Ele teve que rever as Escrituras, agora sob o domínio do Espírito Santo, para reconhecer Jesus em suas páginas. Sua mente foi iluminada. Seu coração é alcançado pela graça de Cristo. Sua fé lhe abriu olhos espirituais. Ele agora conhece a Jesus e, por isso mesmo, pode ajudar outros a conhecê-lo. A edificação na oração e na Palavra fortaleceram Paulo na fé e no conhecimento. Isso lhe dava sabedoria e forças para falar de Cristo.  

Você é desafiado aqui a ter Paulo como exemplo. Nem todos nós teremos o mesmo resultado quanto ao nosso serviço para Cristo, mas todos nós temos a mesma missão – edificação da vida e pregação do Evangelho.  

  1. CUIDADO MÚTUO – OS FRUTOS DO DISCIPULO 

23 Decorridos muitos dias, os judeus decidiram de comum acordo matá-lo, 

24 mas Saulo ficou sabendo do plano deles. Dia e noite eles vigiavam as portas da cidade a fim de matá-lo. 

25 Mas os seus discípulos o levaram de noite e o fizeram descer num cesto, através de uma abertura na muralha. 

Paulo pregou com coragem em Damasco. Ele insistiu para os judeus das sinagogas daquela cidade reconhecessem a Jesus como o cristo, o messias, o filho de Deus. O que havia acontecido com ele mesmo, seu encontro transformador com Jesus, Paulo agora desejava para todas as pessoas que encontrasse, principalmente para as pessoas de seu próprio povo – os judeus. Mas, o texto garante que após muitos dias de pregação, ao invés de vê-los se convertendo a Cristo, o que Paulo viu foi a ampla rejeição de Cristo, por parte de seus compatriotas. 

Agora a reação judaica era se unir para matar a Paulo. O que Paulo fez enquanto perseguia a igreja, agora os judeus querem fazer com Paulo, que neste momento, também faz parte da igreja. O Evangelho não se coaduna com a cultura. O Evangelho rompe com o pensamento religioso vigente, com o entendimento distorcido que os judeus tinham das Escrituras Sagradas. O Evangelho era, de fato, o vinho novo que precisava de odres novos, pois o odre velho do judaísmo não resistia às verdades de Cristo. 

Os homens armam situações para matar a Paulo. Eles buscam alguma oportunidade para isso. O Evangelho de Jesus tem que ser parado. Com sua vida ameaçada, Paulo descobre os planos dos judeus para assassiná-lo e tem que fugir. Mas a cidade é cercada por uma muralha, e para sair é preciso passar pelos portões, que agora está sendo vigiado pelos que desejam sua morte. Agora aparece no texto um grupo interessante. Discípulos que descem Paulo num cesto por através da muralha (ou subiram ao topo dela e o desceram, ou acharam alguma abertura ou buraco e o desceram). Paulo foi salvo da morte pelo cuidado dos discípulos. 

Mas aqui há algo interessante. O texto grego admite agora uma possível diferença de tradução. Ao que parece, os discípulos que ajudaram Paulo, agora, no verso 25, podem ser chamados de discípulos de Saulo. Algumas Bíblia traduzem apenas discípulos, o que significaria que são pessoas da igreja de forma geral, como dito nos versos anteriores, outras traduzem “os seus discípulos”, ou seja, discípulos de Paulo, ou seja, gente que Paulo havia evangelizado e que ficaram com ele para aprender o que Paulo sabia. Se esta última tradução for a mais correta, significa que Paulo saiu da condição de discípulo (aprendiz), para a condição de discipulador (aquele que ensina). E isso é muito significativo, pois mostra que em pouco tempo, Paulo se desenvolveu na fé e no conhecimento de Cristo para ajudar outros a crerem. E os que creram, o tinham em grande estima, de modo que a comunhão e o cuidado deles, em gratidão pelo ensino, foi ajudar na fuga do apóstolo, preservando sua vida. 

Um ponto importante do cotidiano do crente é está sempre cuidando de sua igreja, dos seus irmãos em Cristo, para além da sua unidade familiar, para além de seus parentes. É agir em função do bem das demais pessoas.  

O discipulado tem um custo – caminhar junto, orar, aprender e ensinar uns aos outros. Mas tem uma recompensa, um fruto. Um cuidará do outro. Paulo ensinou, conviveu, cuidou, agora era cuidado, tendo a vida preservada. 

Conclusão: 

O discipulado envolve comunhão, pregação do Evangelho, edificação e cuidado mútuo. 

Que você conheça mais de Jesus pela Bíblia e oração, seja edificado, mas compreenda sua missão de pregar o Evangelho e cuidar dos demais irmãos em Cristo, para que outros cuidem e ajudem você.  

Paulo saiu da condição de discípulo para alguém que tinha discípulos em pouco tempo. Todo crente deve crescer em Cristo e ter pessoas de fora que possa orar e evangelizar, e de dentro da igreja, com que se relaciona e ajuda a crescer na fé. 

Lembre-se: Glorificar a Deus, edificar a igreja e salvar o perdido deve ser o lema de sua vida.  

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